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José Graziano mostra preocupação com o preço de commodities

O novo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva, lançou hoje um alerta sobre o aumento do preço das commodities agrícolas como o "pior aumento" que ocorre nos mercados financeiros.

No primeiro discurso à frente da organização, Graziano afirmou que "a questão dos preços [dos alimentos] é uma das mais urgentes" à qual "devemos ter uma atenção particular", e disse, em referência aos funcionários da agência da ONU, que "acabar com a fome" não é um problema relativo apenas a "suas famílias".

Em sua opinião, "a instabilidade das commodities é ainda o pior aumento que ocorre", e "é preciso chegar a uma estabilização dos mercados financeiros internacionais, caso contrário haverá reflexos sobre as cotações das matérias-primas". Porém, ele disse ter "confiança" de que "o G20 que já começou a enfrentar a questão" e "encontrará uma solução". "Por parte da FAO, posso garantir menores instabilidades", indicou.

Ele condenou o monopólio das multinacionais sobre as sementes, "que são um bem da humanidade", mas opinou que "a biotecnologia é uma ciência importante e não pode ser descartada a priori".

Ex-ministro do governo Luiz Inácio Lula da Silva e coordenador do Programa Fome Zero, o brasileiro citou o ex-presidente ao lembrar que ele comparava os biocombustíveis ao colesterol, pois em ambos "há os que são bons e os ruins".

"A cana de açúcar produzida, por exemplo, no Brasil para o etanol não entra em competição com a produção de grãos e não tem impactos ambientais", colocou, argumentando que as plantações de cana no país estariam tão longe da floresta amazônica no Brasil como "o Vaticano do Kremlin".

O cargo foi decidido ontem na 37ª sessão da FAO, ocorrida em Roma, onde é sediada a agência. Graziano foi eleito com 92 votos dos 180 países-membro, no segundo turno da votação, quando enfrentou o ex-chanceler da Espanha Minguel Angel Moratinos, que recebeu 88 votos. O G77, grupo de países não-alinhados, e a China votaram no brasileiro, enquanto as nações europeias e desenvolvidas votaram majoritariamente no espanhol.

Graziano, porém, disse não ter havido "nenhum 'qui pro quo'" em sua eleição. "Pretendo agir de forma transparente e democrática, recebendo a exigência de várias áreas para tentar conseguir um acordo mínimo para gerir de modo participativo esta organização", declarou.

Ele ressaltou que "os países do norte não são contra mim", e que, "depois das eleições, todos estão empenhados em apoiar esta organização, que deve ter um papel importante para enfrentar os novos desafios"."é importante ter a confiança dos países-membros para poder trabalhar bem", destacou.

O brasileiro defendeu ainda que é preciso "dar início a uma nova era para esta organização" e enfrentar "desafios importantes", como "continuar na reforma interna do organismo para superar as diferenças", referindo-se, por exemplo, aos "desacordos sobre a atividade normativa e a assistência técnica". "é necessário reunir um mínimo de acordo", concluiu.

ANSA