Os números da balança comercial brasileira, que no primeiro semestre registrou um superávit de US$12,985 bilhões, são o retrato fiel do que acontece no parque industrial brasileiro: quem vende commodities, ou seja, produtos cotados em bolsas internacionais, sai ganhando. Especialmente alimentos e recursos naturais. Mas quando entram bens de consumo duráveis, máquinas e equipamentos, a realidade muda e fica visível a baixa qualidade da pauta de exportações. Um levantamento da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), feito a pedido do GLOBO, mostra que as indústrias de bens de consumo, máquinas e equipamentos registram, a cada ano, déficits crescentes. O saldo negativo do setor de bens de capital aumentou de US$8,1 bilhões, em 2008, para US$21,4 bilhões em 2010. Em bens de consumo duráveis, no mesmo intervalo, o déficit pulou de US$4 bilhões para US$11 bilhões. Por outro lado, os embarques de matérias-primas e bens intermediários apresentam superávits crescentes, de US$27 bilhões para US$39 bilhões, também de 2008 para 2010.