Com uma desoneração de R$ 20,7 bilhões prevista até o fim de 2012, o Plano Brasil Maior, nova política industrial anunciada pelo governo na última semana, deve tornar mais difícil o equilíbrio das contas públicas no próximo ano. A avaliação é do economista-chefe da Corretora Convenção, Fernando Montero, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda no fim dos anos 1990. A renúncia de impostos para estimular a indústria, diz o economista, será um fator adicional que complicará o ajuste fiscal em 2012. Para ele, mesmo que o governo não tivesse optado pela política de estímulo à indústria, a manutenção do superávit primário (economia de recursos para pagar os juros da dívida pública) no ano que vem exigiria maior esforço. Em 2012, observa Montero, pelo menos quatro fatores dificultarão o equilíbrio das contas públicas: o reajuste do salário mínimo, que poderá chegar a 14%; as eleições municipais, que estimulam os gastos das prefeituras; a pressão para acelerar obras em aeroportos e estádios para a Copa do Mundo e a liberação de gastos bloqueados em 2011. "A esse cenário, agora se somará a desoneração bilionária proposta pela nova política industrial", ressalta. (Agência Brasil)