Ao longo do primeiro semestre deste ano, o agora ministro da Defesa, Celso Amorim, publicou uma série de artigos na revista "Carta Capital", nos quais mostrou suas ideias mais à esquerda. Em abril passado, no artigo "Consequências de um voto", Amorim condenou a posição do governo Dilma de apoiar a resolução do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, que instituiu um relator especial para o Irã. O ex-chanceler também defendeu a necessidade de incorporar a Venezuela ao Mercosul e a aproximação com os países da áfrica. Para Amorim, o Brasil vinha conseguindo vitórias nas negociações com o Irã ao contribuir para uma solução pacífica e negociada em relação ao programa nuclear iraniano, e, com o apoio ao relator especial, poderia deixar de ser ouvido pelo governo de Ahmadinejad. Para exemplificar o mal estar que causaria a instituição de um relator especial, Amorim lembrou a posição de Cuba, que admitia discutir com o Alto Comissário das Nações Unidas avanços na área de direitos humanos, mas não concordava em receber um relator especial. Sobre o voto do Brasil, assinalou: "Pode-se concordar ou não com ele, mas dizer que não afetará as nossas relações com Teerã ou a percepção que se tem da nossa postura internacional é tapar o sol com a peneira". (O Globo)