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Um país mais inteligente e mais educado

Ouvi de Fernando Alves, presidente da PWC, que ele é um “produto da educação”. Estávamos nós dois participando da reunião do Conselhão, no Palácio do Planalto, e ouvindo a manifestação da presidente Dilma Rousseff sobre o programa de bolsas de estudos no exterior para estudantes brasileiros.

Vi então que eu também sou um “produto da educação”, como Alves. Estudei à noite e me formei em Direito. Depois fiz mestrado em Ciência Política e doutorado em Sociologia. Ambos pela gloriosa UnB.

Além do estudo formal, sou um leitor compulsivo que lê e folheia quase uma dezena de livros ao mesmo tempo. Faço anotações e rabiscos. Dobro as páginas como meu pai ensinou ao compulsar os processos judiciais. Separo as páginas que importam e que ficam apontando para fora do livro, como flechas.

Sem o estudo, eu não seria nada. Mas vale dizer que fui um aluno perto de medíocre. Culpo o sistema e a mim mesmo. O sistema, pelo fato de apresentar um ensino maçante. A mim mesmo, pelos momentos de preguiça e de desinteresse estéril. Sim, pode existir desinteresse fértil. Aquele necessário para esvaziar a cabeça e fazer o drive de memória ficar mais leve.

As reflexões sobre a educação foram provocadas pelos discursos de Dilma e Mercadante na apresentação do programa Ciência sem Fronteiras, que vai oferecer bolsas de estudo para brasileiros nas universidades top do mundo. A iniciativa pode favorecer um salto tecnológico, como ocorre na China e na Coreia, que também mandam seus estudantes para o exterior. Resta saber se nossos estudantes não vão ficar por lá…
 
Fiz uma contribuição ao projeto. Sugeri que também fosse financiada – no âmbito da educação continuada – a participação em seminários e congressos fora do país. Penso em encaminhar outras duas sugestões. Uma delas é que sejam patrocinados – nas áreas de interesses – seminários e congressos no Brasil. Brasília pode ser um grande centro mundial de eventos com o apoio do governo. A outra sugestão seria a abertura de novos IMEs (Instituto Militar de Engenharia) e ITAs (Instituto Tecnológico Aeronáutico).

Lembrei-me de meu avô paterno, que foi operário. Uma figura. Porém, se não fossem a inteligência e a curiosidade de meu pai, a família teria ficado no interior da Paraíba, trabalhando para os Lundgreen. O estudo levou meu pai a João Pessoa e a meritocracia o colocou no Liceu Paraibano e no Banco do Brasil. Sem o estudo e sem as chances propiciadas pela meritocracia incipiente que temos no país, nada teria acontecido.

Para o Brasil poder dar um salto para o futuro, a educação e a tecnologia são instrumentos essenciais. Bem como a meritocracia. Não há como ficarmos apenas nas pontas do processo. Temos que desenvolver produtos e, para tal, temos que ter educação. Muita educação.

Minha mãe dizia uma frase que cabe como luva no mundo de hoje. O pobre ama o rico, e o rico ama o inteligente. Tal cadeia existe há milênios e se revela positiva quando a inteligência pode ser aplicada ao mundo real e prático. O Brasil deve ser mais educado e mais inteligente. Para poder ser mais rico para todos.