Do alto da autoridade de quem perdeu três vezes a disputa pelo Planalto, ganhou duas eleições e governou o País por oito anos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma avaliação curta e grossa sobre a articulação política de Dilma Rousseff. Saíram Antonio Palocci e Luiz Sérgio, entraram Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil), mas, para Lula, "o centro político continua vazio". é isso o que o ex-presidente tem dito a interlocutores do PT e dos demais partidos da base aliada com quem tem conversado. Lula aplaude as reuniões com os líderes dos partidos e a liberação de emendas, mas considera que a entrada dos novos ministros para a "cozinha" do Planalto "preencheu apenas a periferia da articulação política". Embora, nesta semana, a presidente tenha se empenhado nas reuniões de articulação, Dilma não poderá desempenhar esse papel em tempo integral. E Lula põe o dedo na ferida, comparando os governos. Enquanto ele era o tempo todo um animador de plateias, sempre disponível para aturar os líderes aliados, Dilma continua querendo desempenhar duas tarefas em tempo integral: administrar, discutindo vírgula por vírgula dos projetos, e articular. Como a presidente não deixa Gleisi virar "a Dilma da Dilma", Lula avalia que a tormenta política ainda não chegou ao final.