Um dos mais longevos ministros do Supremo Tribunal Federal, onde atuou por 27 anos, José Carlos Moreira Alves sempre defendeu teses fortes que costumavam ser seguidas por seus pares. Uma delas era de que juízes não devem falar com a imprensa, só nos autos. Aos 78 anos, já aposentado, Moreira Alves rompeu o silêncio em entrevista ao Valor para dizer que o STF "está adotando uma posição mais política que antigamente". "Eu sempre disse que o mandado de injunção é um instituto que, na realidade, não tinha possibilidade de criar normas, era apenas um alerta que se dava ao Congresso para que ele criasse as normas", disse. "Não diz lá (na Constituição) que se faça norma para substitui-lo (o Congresso) ou para atuar no mundo das leis". Sucedido há oito anos pelo ministro Joaquim Barbosa, relator do "mensalão", Alves compara o caso ao julgamento do ex-presidente Fernando Collor. "Eram 140 volumes. Impossível de se ler tudo". O problema que está de volta, afirma, é o de se decidir sobre aquilo que foi lido por terceiros". (Valor Econômico)