Na educação pública brasileira, quase um terço dos municípios do país recebe o selo de prioritários. Pelo menos 85% deles estão nas áreas rurais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Além da pouca capacidade de arrecadação, essas cidades se caracterizam por notas no índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) abaixo da média nacional e pela extrema dependência do Ministério da Educação (MEC) e dos governos estaduais na criação e execução de praticamente todas as políticas educacionais que buscam melhorar a qualidade do ensino – do fornecimento de merenda ao transporte escolar, da construção e reforma de escolas à formação e capacitação de professores. Reunidos na semana passada em um resort na Bahia durante o 4º Fórum Extraordinário da União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime), 1,1 mil secretários municipais de Educação – 902 deles de cidades prioritárias – se mostraram descontentes com essa relação de dependência, porque, muitas vezes, as políticas do MEC direcionadas ao ensino municipal não atendem à necessidade ou à realidade de cada localidade. Ao mesmo tempo, os participantes foram contraditórios: defenderam de forma unânime que o ministério aumente os recursos das mesmas ações criticadas. (Valor Econômico)