O ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, protagonizaram o principal embate do encontro promovido ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), sobre a reforma do Código Eleitoral. Mendes, em seu discurso de abertura, avaliou que a grande dificuldade de se executar uma reforma política era que "os protagonistas têm seu destino e suas perspectivas eleitorais afetadas pelas mudanças que votarão". No intervalo do debate, Jobim disse aos jornalistas: "Acusar os deputados de terem dificuldade de votar a reforma política por interesse embute a informação de que só um regime autoritário poderia fazer a mudança". Não satisfeito, voltou ao evento e disse, frente a todos e diretamente ao ministro do Supremo Tribunal Federal: "A República de Weimar [instaurada na Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial] foi feita por juristas. E sua fragilidade deu no nacional-socialismo [nazismo]". Mendes retrucou. "Para coisas complexas, não devemos dar respostas simples". O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), José Antonio Dias Toffoli, também presente ao debate, rechaçou de uma só vez duas das propostas contidas no relatório do deputado federal Henrique Fontana (PT-RS) para a reforma política, ao avaliar o financiamento público de campanha como "pouco seguro" e, ao mesmo tempo, se dizer contrário à participação de empresas no financiamento do processo eleitoral. A proposta também foi criticada por Jobim. (Valor Econômico)