Findo o primeiro ano de seu governo, a presidente Dilma Rousseff continua liderando com ampla vantagem a corrida sucessória para 2014. Não se espantem por eu já abordar o tema. As campanhas são decididas com antecedência ou por fatores excepcionais.
Como ninguém sabe o que pode acontecer de inesperado, os competidores devem se preparar baseados nas informações disponíveis.
Com um quarto do mandato cumprido, Dilma se consolidou como a líder do país, colocando muitos corpos de vantagem à frente dos demais concorrentes.
No mínimo, livrou-se de dois estigmas: o de que seria uma espécie de “pau mandado” de Lula e o de que terminaria rompendo com ele. Nada disso ocorreu.
Mesmo enfrentando sucessivos escândalos com seus ministros, a presidente navega, impávida e blindada, por conta de sua personalidade e do êxito na condução econômica.
Além do auxílio luxuoso da oposição, que, sem rumo, pouco combate ou atrapalha o governo.
Voltando ao tema de 2014: no campo governista, três nomes, além do de Dilma, devem ser considerados.
Lula é hours-concours. Caso queira ser candidato, será. Diz que não. E, devido ao seu problema de saúde, tende a continuar mantendo o papel de fiador do modelo.
Curiosamente, além de Lula ou Dilma, o PT não tem nome forte. Dentro da esfera governista, as duas outras possibilidades são Eduardo Campos e Ciro Gomes, ambos do PSB.
Ciro, muito mais por seu voluntarismo do que por reais condições de disputar, coloca-se no páreo. Talvez para criar uma zona de desconforto em seu partido.
Sem controle da legenda e sem base externa, é um cavaleiro solitário portando uma metralhadora giratória. Logo, pode deixar o PSB e/ou voltar-se para a política do Ceará.
Com seu ego exuberante e suas ideias faiscantes, Ciro deveria ter um partido para chamar de seu: o PdC – Partido do Ciro.
Eduardo Campos é o nome que se configura como o mais viável para desenvolver uma candidatura forte e rachar a base governista em dois.
Conta com o apoio discreto do PSD. Vale lembrar que o PSD de Gilberto Kassab nasceu com a possibilidade de fusão com o PSB. Campos também conta com a simpatia de diversos outros líderes políticos, inclusive Lula e Aécio Neves (PSDB).
No entanto, apesar de ter imenso talento e de controlar um importante partido, o PSB, Eduardo Campos enfrenta sérias limitações que ainda não foram tratadas adequadamente. Nem no campo tático nem no estratégico.
Quando Ciro diz que falta estrada para Eduardo Campos, mira no que viu e acerta no que não viu.
Assim, Dilma é, de fato, a grande favorita para 2014. Não simplesmente por concorrer com a máquina na mão, mas porque seu governo tem gerado satisfação para os atores politicamente relevantes.
São também fatores a seu favor as condições conjunturais e econômicas estáveis no país e a possibilidade de controle da maior parcela do espectro político nacional.
Na oposição, o ano foi praticamente perdido. Nenhum dos nomes que poderiam entrar na corrida presidencial avançou significativamente. Aécio Neves perdeu brilho no Senado. José Serra continua brigando com os correligionários.
O PSDB, apesar das cabeças privilegiadas que compõem sua direção, ainda não conseguiu encontrar um rumo. Para não dizer que nada se salvou, destaco o fortalecimento das relações do partido com o mundo sindical.
Em sendo a favorita para 2014, Dilma deve cuidar, pela ordem: da economia; de sua base política; e das iniciativas de cunho social, para se manter como tal.
Manejando razoavelmente bem esses três vetores, deve confirmar seu favoritismo e evitar a fadiga do atual modelo. E esperar que o acaso não atrapalhe as tendências predominantes.